quinta-feira, 24 de abril de 2008

Ai, Eugénia!...

Naquele dia,o doutor Rodrigo Leão não se sentia muito bem.

Já na véspera,tinha sentido ligeira tremura no corpo e uma pontinha de febre.
Não deu importância.De madrugada,quando acordou,estava em brasa.
Mediu. Quase trinta e nove.
Como pôde,ligou à recepção para que lhe chamassem o seu médico.
Pediu ainda que ligassem para a doutora Eugénia Leal, a informar o seu estado.

A doutora Eugénia, sua namorada,chegou primeiro.
Quando,uma hora depois chegou o médico,já o doutor Rodrigo ardia em febre.
Passava dos quarenta graus!...Já não dizia coisa com coisa.
Ele próprio,aplicou ao doente uma injecção e entregou ao gerente do hotel a
prescrição dos remédios que o doente deveria tomar.
Entendeu ainda o médico que a doutora Eugénia deveria retirar-se. Era um risco
manter-se ali.Porém,a doutora Eugénia, não foi capaz.
Todos os dias visitava o seu namorado.
Por vezes,já o dia rompia,quando regressava a sua casa.

O jovem doutor Rodrigo Leão era advogado.Tinha consultário na baixa e por não
ter família naquela cidade,tinha preferido alojar-se num hotel.
Deste modo, tinha quase tudo ao seu dispor.
Porém,a sua confidente e namorada,a doutora Eugénia,era o esteio da sua vida.

Durante três dias,febres altas minaram as forças do doutor Rodrigo.
Ao quarto dia começaram a ceder.
Agora,no quinto dia,a febre tinha desaparecido completamente e a juventude do
doutor Rodrigo começava a impor-se.
Ainda trémulo,ergueu-se.Enfiou o roupão e deu uma passadas pelo quarto.
Olhou-se ao espelho e sorriu.Estava a recompor-se.
Ligou para a recepção e pediu alguma coisa para comer.Soube-lhe bem.
Meteu-se novamente na cama...respirou fundo.

Foi a porta do quarto,ao abrir,que o acordou. Era o empregado do hotel que, fiel
desde há quatro dias, vinha tratar da sua higiene,ministrar-lhe os remédios e
alimentá-lo.Era já quase meio dia.
Pelas treze,trouxeram-lhe o almoço;coisa ligeira.
Deitou-se sobre a cama,piscou duas ou três vezes e voltou a dormitar.

Acordou,já perto das cinco,com um beijo da sua namorada, que lhe perguntava:
Como passa,desde ontem,o meu amor?
Puxou uma cadeira e sentou-se junto à cabeceira.Seus joelhos roçavam a cama quando
amorosamente afagava o rosto de Rodrigo.
Ele mimado,e poisando uma mão sobre um joelho da Eugénia,sussurrou:
Agora,muito bem...já lá vai o mal.
O que a Eugénia leu,nos olhos dele,obrigou-a a erguer-se.
Afastou-se um pouco da cama...deu galantemente uma volta e perguntou: Gostas?
A Eugénia,vestindo uma camisolinha azul claro e um coletinho enfeitado com renda
e saia plissada da cintura para baixo,estava deslumbrante.
Ele,com a cabeça, disse que sim. Depois,com um gesto,chamou-a...
Ela,também com um gesto,disse que não...
Ele insistiu...Ela resistiu...
Ele,agitado,suspirou exclamando: Ai,Eugénia!...Eugénia!...

Era evidente que o jóvem Rodrigo Leão estava a recuperar a forma...

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